Por Antonio Gasparetto Junior
Jônios
Os Jônios formavam um povo indo-europeu que se estabeleceu na Ática e no Peloponeso, foi a primeira das quatro etnias na Hélade que seriam responsáveis pela formação do povo grego.
Os Jônios representavam um povo indo-europeu, eles foram responsáveis por uma violenta invasão da Hélade, região da Grécia Antiga, e transformação de toda a estrutura que era vigente no local. Através dos Bálcãs, os Jônios invadiram a Hélade e transformaram os derrotados em escravos. Possuíam uma grande organização social de tradição militar, mantendo vivo o respeito à hierarquia, o que facilitou no empenho de conquista do novo território. Pelos territórios pelos quais passavam e conquistavam, estabeleciam seus poderosos palácios caracterizados pela fortificação das grandes muralhas e as estreitas entradas.
Segundo as pesquisas desenvolvidas, os jônicos tinham entre si uma organização social bastante igualitária, suas terras eram divididas em porções chamadas glebas, mantendo sempre a equivalência entre os chefes das famílias. Ainda dentro da sociedade jônica havia uma subdivisão em quatro tribos.
Antes de atingir a Hélade, por meio de uma invasão violenta, arqueólogos e historiadores acreditam que os Jônios tenham aprendido a arte e a técnica da cerâmica na Ásia Menor. Essa seria a única explicação cabível para dar conta do extenso uso da cerâmica entre tal povo e com tamanha qualidade. Por outro lado, a metalurgia permaneceu praticamente estagnada, o bronze continuou sendo o elemento mais utilizado.
O cavalo era uma ferramenta usada já há muito tempo pelos Jônios quando invadiram a Hélade, foram eles que o introduziram na região, causando um grande alvoroço e marcando um importante elemento para o período em questão.
A presença dos Jônios da Hélade alterou toda a estrutura que havia anteriormente. O povo anterior que vivia na região da Grécia Antiga havia desenvolvido um amplo comércio marítimo, assim como centros urbanos na ilha de Creta. Mas a chegada dos Jônios fez com que o comércio se reduzisse apenas ao mar Mediterrâneo.
Enquanto habitaram a Ásia Menor, estabeleceram-se em Halicarnasso e Esmirna, entre os séculos XII e X a.C.. Chegaram a criar uma liga intitulada de Liga Jônia, que abarcava as cidades de Éfeso, Samos, Priene, Colofón, Clazómenas, Quios, Mileto, Teos, Mionto, Lebedos, Foceia e Eritras. Já no século VI a.C. a dominação imposta pelo Império Persa causou insatisfação e gerou uma revolta que teve como consequência as Guerras Médicas.
A migração para a região da Hélade configuraria a influência da primeira etnia na formação do povo grego, que depois se completaria através dos aqueus, eólios e os dórios. Entretanto, os últimos invadiram a região utilizando-se de extrema violência e desestruturação do padrão que havia se organizado. A invasão dos dórios forçou uma fuga dos Jônios em busca de sobrevivência, por força maior, tiveram que retornar para a Ásia Menor.
Dórios
Os Dórios foram um dos povos que formaram a civilização grega antiga.
A origem dos Dórios ainda é algo incerto, as teorias que tentam explicar o fato ainda não chegaram a uma conclusão definitiva. Alguns pesquisadores acreditam, baseando-se em ideias difundidas na Antiguidade, que os Dórios eram originários de regiões montanhosas localizadas ao norte e a nordeste da Grécia, além de Macedônia e do Épiro. Segundo os defensores dessa hipótese, alguma circunstancia não identificada teria causado a migração desse povo mais para o sul, alcançando a região do Peloponeso, certas ilhas do Mar Egeu, à Magna Grécia e à Creta. Já outra corrente de pensamento sustenta a ideia que os Dórios teriam origem na costa da Ásia Menor e se deslocaram pelo nordeste da Grécia e por diversas ilhas até a estabilização definitiva no sul da região. Pela raiz incerta, os Dórios são identificados, grosso modo, como um povo indo-europeu.
A chegada dos Dórios na região da Grécia foi marcada por uma violenta invasão que destruiu a civilização que havia se estabilizado no local. Antes dos Dórios, os aqueus invadiram a região da Grécia. Sem fazer uso de extrema violência e dotados de conhecimentos mais evoluídos que os habitantes na região até então, os pelasgos, os aqueus conquistaram o local e impuseram uma nova cultura. Os aqueus já estavam na Idade do Bronze, manuseando ferramentas bem mais avançadas que seus antecessores no local. Eles fundaram cidades referências para o comércio da época e desenvolveram uma nova cultura que ficou conhecida como civilização micênica. A invasão dos Dórios foi muito diferente, era um povo violento. Por conta disso, destruíram o que havia sido construído na civilização micênica e as importantes cidades comerciais dos aqueus.
Os Dórios tinham grande dedicação pelo militarismo. A guerra era o artifício que usavam para obtenção de seus recursos. Os espartanos eram descendentes dos Dórios, por isso tinham também tanta afeição pela organização militar. A violenta invasão dos Dórios na região da Grécia e a destruição da civilização micênica fizeram a cultura helênica regredir, afundando os gregos em um período conhecido como Idade das Trevas da Grécia. Esta fase não possui nenhum registro escrito, apenas registros arqueológicos.
Juntamente com os jônios, os eólios e os aqueus, os Dórios fizeram parte da formação de várias cidades-estado da Grécia, assim como da cultura grega. Diferenciavam-se dos outros povos pelo dialeto dórico e por tradições sociais e históricas características.
Aqueus
Os Aqueus foram o povo que deu origem à civilização micênica.
Por volta do ano 2.000 a.C., um grupo de seminômades de origem indo-européia migrou para a região conhecida como Grécia em busca de terras férteis para suas plantações. Esse povo era conhecido como os Aqueus.
Os Aqueus viviam sob condições mais avançadas do que as condições do povo que encontraram na Grécia. Diz-se que os Aqueus já viviam na Idade do Bronze, enquanto os ocupantes da Grécia, os pelasgos, viviam ainda na Idade da Pedra.
A invasão que os Aqueus fizeram sobre o território grego demonstrou a superioridade desse grupo, que passou então a reprimir os pelasgos e ocupar os seus terrenos mais férteis. Em pouco tempo, os Aqueus se tornaram superiores na Grécia e passaram, inclusive, a ser identificados como o povo grego.
O novo povo submeteu a ilha de Creta e estabeleceu sua forma econômica e de cultura. Os Aqueus eram grandes e fortes comerciantes e acabaram dominando economicamente também toda região do Mediterrâneo Oriental. Foram os fundadores de importantes cidades antigas que se tornaram grandes núcleos populacionais e comerciais como Micenas, Tirinto e Argos.
O desenvolvimento que os Aqueus tiveram na região gerou a chamada civilização micênica que representou a grande soberania desse povo durante muitos séculos. A decadência só aconteceu por volta de 1100 a.C. quando a civilização micênica entrou em conflito com a civilização cretense. Mas a destruição da civilização micênica que era tão bem estabilizada e avançada em sua época foi tão impactante para a Grécia que após sua desestruturação os gregos passaram por um período de aproximadamente 150 anos conhecido como Idade das Trevas.
Foram também os Aqueus que combateram os troianos na famosa Guerra de Tróia. Quando se diz que houve um conflito entre gregos e troianos, na verdade a expressão correta seria um conflito entre Aqueus e troianos.
Eólios
Os Eólios representaram outro povo que invadiu e se estabeleceu na região da Hélade, Grécia Antiga, formando juntamente com os Jônios, Aqueus e Dórios os grupos étnicos responsáveis pela criação do povo grego.
Os Eólios receberam essa denominação, pois acreditavam que sua origem estaria ligada ao deus grego dos ventos, Éolo. É bem possível que a região natal dos Eólios seja a Macedônia Ocidental, considerando-se especialmente as montanhas localizadas ao norte do rio Haliácmon. Seria a partir deste local que teriam se deslocado cada vez mais para o sul, até atingir e ocupar totalmente a região da Tessália. Após esse momento de migração inicial, outro ocorreu levando os Eólios até as ilhas do noroeste do mar Egeu. Foi então que finalmente alcançaram a Grécia. Entretanto, os Eólios foram ficando por todos os lugares por onde passaram, inclusive na região original, o que gerou a variedade de dialetos eólicos.
Nos novos territórios onde estavam instalados os Eólios, desenvolveram fortemente sua cultura. A estabilidade marcou muito esse povo, pois conquistaram o respeito dos outros povos formadores da Grécia Antiga e mantiveram suas terras por muito tempo sem alteração. Além disso, não se caracterizavam como um povo violento.
Entre o povo eólico havia também as subdivisões, acredita-se até mesmo que os próprios Aqueus sejam um desses grupos entre os Eólios.
Os Eólios também constituíam povos de origem indo-européia, assim como os Jônios, Aqueus e Dórios, os outros povos que também formaram a civilização grega, os Eólios invadiram a Hélade. Todavia, a invasão dos Eólios foi muito diferente do que fora a dos Jônios ou do que seria a dos Dórios. Os Jônios invadiram a Hélade fazendo uso da violência, utilizaram-se da tradição militar de sua sociedade para conquistar e estabelecer novas estruturas. Mesmo assim, o saldo dessa invasão, contou com a assimilação da cultura já existente no local. Os Dórios tiveram uma postura muito mais violenta, foram eles os responsáveis pela chamada Idade das Trevas da Grécia. Esse novo grupo invadiu a Hélade destruindo tudo que havia na região, alterando radicalmente a estrutura e a cultura existente, relegando a escrita ao esquecimento durante séculos. Permitiu que a sociedade criasse as bases para a aristocracia na Grécia Antiga e estagnou a cultura da época, interrompendo o conhecimento que temos hoje da história dos gregos.
Quando os Eólios invadiram a Hélade, já estavam lá os Jônios e os Aqueus, recém-chegados. A entrada dos Eólios foi pacífica, não realizaram guerras para conquistar ou se estabelecer na região, o que houve foi uma assimilação à estrutura que já havia sido montada na região. Passaram a viver pacificamente com os outros povos que estavam na Hélade, até a chegada dos Dórios.
Os Eólios carregavam consigo uma cultura baseada na agricultura, a qual expandiu através da colonização promovida no mar Egeu. No período clássico da Grécia estavam espalhados por Lesbos, Tênedos e a Ásia Menor.
A invasão dos Dórios foi catastrófica para os Eólios e para os demais povos da Hélade. A violência excessiva utilizada pelos dóricos causou a expulsão dos aqueus, a desorganização de uma sociedade e de uma estrutura construída pelos Jônios e uma completa transformação na Hélade. Não foi diferente com os Eólios, que tiveram que deslocar para cidades litorâneas fora da Hélade, voltando também à Ásia Menor. A consequência após a dominação dos dórios de todos os territórios abandonados pelos outros povos foi a difusão do dialeto eólico, que integrava o grego antigo, por outras regiões. Promovendo também a expansão da cultura grega.
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